Entrevista - Dr. Ricardo Mello: "O desafio da próxima gestão, entre outros, será consolidar e aperfeiçoar o Prontuário Eletrônico do Paciente, agendamento online e sistemas de gestão integrada"

Pré-candidato ao executivo de Itajubá, e candidato nas eleições de 2016, Dr. Ricardo aponta os problemas e as alternativas da cidade para um novo ciclo.

Confira:


Cidadão Pensante: Quais são hoje, as principais demandas do município de Itajubá?
Ricardo Mello: Na minha percepção, as principais demandas do município de Itajubá, atualmente, estão relacionadas às áreas de saúde pública, emprego e trabalho, transporte coletivo, infraestrutura e serviços na zona rural, educação e comunicação social, por exemplo:

Na área de saúde pública, existem vários apelos para a reabertura do pronto socorro da Santa Casa, reclamações sobre demora no atendimento e na marcação de consultas especializadas e exames laboratoriais, etc. Sobre emprego e trabalho, reclamações são sempre referentes à falta de oportunidade no mercado e à perda de postos de trabalho. A conservação e manutenção da infraestrutura e serviços na zona rural, o transporte coletivo e a falta de maior transparência e divulgação dos gastos públicos e também respostas a pedidos de informações, igualmente, para todos, também fazem parte do rol de reclamações.

CP: Os nomes sondados para uma pré-candidatura estão diretamente relacionados com a saúde, à exceção do pré-candidato da atual gestão. Isso é bom ou ruim? Por quê?

Ricardo Mello: Não vejo que seja bom ou ruim, porque, independentemente da sua profissão, o gestor público, nesse momento, terá que preencher três características que se destacam e se mostram como basilares para alguém que quer postular o cargo, que são: capacidade de gestão, honestidade e atitude, porque, a cada dia que passa e por menor que sejam os municípios, os prefeitos estão sendo cada vez mais vigiados e cobrados, pelos cidadãos nas suas ações e atitudes, com relação à administração municipal e ao gasto público. Desta forma, desde que estejam imbuídos do desejo de promover o crescimento social, econômico e sustentável do município, cumprir a legislação vigente para obter a aprovação e o reconhecimento dos cidadãos, não vejo problemas.

CP: Antes da gestão, Itajubá teve um prefeito médico, mas que deixou a desejar na área da saúde. O que pode fazer para que a história seja diferente?

Ricardo Mello: Não entendo que o prefeito médico deixou a desejar na área de saúde pública. Veja bem, definitivamente não é segredo que o sistema de saúde público brasileiro ainda está longe de figurar entre os mais eficientes do mundo, mas é importante ponderar que tais comparações com outras nações devem levar em conta que nenhum país no planeta tem um modelo de prestação de saúde universal e gratuito tão completo, inclusivo e abrangendo um volume tão grande de cidadãos. O Brasil é o único país do mundo, com mais de 100 milhões de habitantes, que oferece saúde de forma gratuita, financiando os serviços por meio de pagamento de impostos. Além do volume, alcançando um contingente de mais de 200 milhões de cidadãos, a diversidade de tratamentos cobertos também chama a atenção de gestores públicos de saúde estrangeiros.

Por mais que a saúde pública no Brasil seja cheia de falhas, sofrendo com a falta de investimentos ao longo de décadas, tendo sucateado a infraestrutura do modelo e demorando bem mais que o ideal para usufruir das novas tecnologias do setor, é preciso reconhecer que os últimos anos registraram avanços importantes e a gestão municipal 2009-2012 fez parte deste processo. O desafio da próxima gestão, entre outros, será consolidar e aperfeiçoar o Prontuário Eletrônico do Paciente, agendamento online e sistemas de gestão integrada.

CP: O que a primeira candidatura ao Executivo ensina ao candidato a uma eventual nova disputa pelo Executivo?

Ricardo Mello: Algumas lições devem ser tiradas e, para tanto, o primeiro pleito nos ensina, dentre outras, por exemplo, a necessidade de examinar algumas ações que não deram certo e ver o que poderia ser melhorado, o que é importante para um maior entendimento das demandas do eleitorado, a necessidade de fortalecimento de lideranças para ajudar na campanha, a necessidade de entender o potencial de lideranças do candidato, a necessidade de definição clara da imagem e a mensagem que a campanha levará ao eleitor.

CP: As alianças pesam bastante? Quais são ou serão elas?
Ricardo Mello: No sistema político brasileiro, fazer alianças partidárias (as então chamadas coligações) é muito importante para os políticos. Em um sistema fragmentado, com dezenas de partidos diferentes, apenas com acordos entre partidos é possível ganhar terreno na política e, portanto, aumentar as chances de resultados positivos nas urnas.

No momento, temos aliança entre 5 (cinco) agremiações partidárias que possuem afinidades com as nossas propostas e até as convenções essa aliança pode aumentar. Estamos abertos.

CP: Toda gestão tem seus pontos positivos e negativos. O que deve ser mantido pelo próximo prefeito? E o que deve ser melhorado?

Ricardo Mello: Sim. Toda gestão tem seus pontos positivos e negativos e cabe ao sucessor identificá-los para manter e aperfeiçoar aqueles que propiciaram melhorias na qualidade de vida da comunidade e no desenvolvimento socioeconômico do município, e corrigir os negativos para que os seus propósitos previstos, sejam atingidos. Na resposta à pergunta de nº 1, já sinalizamos algumas áreas que deverão merecer maior atenção por parte do sucessor da atual gestão tendo em vista saltar aos olhos reclamações e reivindicações constantes da população. Por outro lado, os avanços alcançados, por exemplo, nas áreas de promoção social, infraestrutura e serviços, cultura, esporte, lazer e entretenimento precisaram de aperfeiçoamento para propiciar a inclusão de todos os munícipes.

CP: Em uma escala de 0 a 10, que nota merece a atual gestão até esse momento? Por quê?

Ricardo Mello: A gestão municipal tem atuação em áreas importantes como saúde, educação e desenvolvimento econômico que normalmente estão incluídas na construção de modelos de avaliação. Porém nem todas as áreas de responsabilidade, às vezes, são avaliadas. Por falta de dados são excluídas.

Em Itajubá, sabemos que a população conquistou avanços significativos em algumas áreas na gestão municipal atual e em outras nem tanto. No momento, não temos em mãos indicadores que nos permitam uma análise mais detalhada para avaliação, preferimos não atribuir nota de desempenho para a atual gestão.

CP: O vice-prefeito faz diferença em uma disputa. Numa eventual chapa, ele terá voz ativa, ou será apenas peça decorativa do processo? O que ele pode fazer para ser mais atuante de maneira política?

Ricardo Mello: Sim. O vice-prefeito é o segundo em exercício no cargo do executivo municipal. Ele é o substituto do prefeito municipal em caso de ausência por licença ou outro impedimento. Deve também auxiliar o prefeito, sempre que por ele convocado para missões especiais e lideranças em tarefas administrativas de auxílio. Desta forma, para ser mais atuante o vice-prefeito deve possuir experiência ou conhecimento e, apresentar condições de gerência com eficiência, eficácia, competência, entusiasmo, transparência, honestidade, fidelidade e ética. Também é recomendável que seja uma pessoa cordial, educada, sociável, discreta, dinâmica, criativa e determinada e tenha autocontrole, espírito cooperação, facilidade para trabalhar em equipe e capacidade de liderança e para ouvir críticas.

CP: A configuração do Legislativo será alterada neste período eleitoral. A diminuição de vereadores é boa para a cidade? E para o Executivo?

Ricardo Mello: A importância do Poder Legislativo pode ser comprovada pela amplitude e abrangência de suas relevantes atividades. O Parlamento abarca a elaboração das leis, a fiscalização da administração pública, a deliberação sobre assuntos de sua competência privativa e julgamento de determinadas autoridades públicas e a atividade político-parlamentar. Desta forma, o Poder Legislativo deve estar munido de uma estrutura organizacional sólida para oferecer todo o suporte técnico e operacional, de forma eficiente e eficaz, aos vereadores.Assim, no meu entendimento, cabe ao povo selecionar bem as pessoas que irão ocupar a vereança para representa-lo da melhor maneira possível e manter o Parlamento forte com qualidade independentemente da quantidade de vereadores o que é bom para todos.

CP: Que mensagem você deixaria ao cidadão itajubense que ainda não lhe conhece?

Ricardo Mello: Como mensagem ao cidadão, deixarei algumas dicas para a escolha dos seus candidatos aos cargos de prefeito e vereadores:

• Analise com bastante cuidado o histórico do candidato, independentemente de ser novato ou veterano na política. Se já é político, verifique a sua trajetória? Age com coerência? Se é novato, já fez trabalhos pela comunidade? Em que causa atua? Como ou pelo que é conhecido
• Honestidade é fundamental. Se o candidato é ficha suja, pense duas vezes! Para alguns especialistas, o eleitor deve pôr na balança até mesmo processos e inquéritos.
• Experiência é importante, mas não é tudo, segundo especialistas. Eles garantem que a “boa experiência” deve ser com as pessoas e não necessariamente com cargos políticos.
• Pense nas necessidades da cidade e da comunidade. Traçada essa demanda, analise qual candidato tem um discurso mais alinhado (e coerente) com seus anseios.
• Pense na diferença entre ousadia e exagero. Candidatos que fazem promessas mirabolantes são visionários ou falsários. Os visionários conseguem lançar ideias que podem mudar radicalmente as cidades, já os falsários querem apenas o cargo político.
• Avalie o plano de governo de cada um dos candidatos apesar da semelhança da maioria. Segundo especialistas, seja para prefeito ou síndico de prédio é preciso que o representante público tenha um planejamento e saiba o que vai fazer.
• Fuja de promessas individuais. O candidato que promete favores e vantagens pessoais é certamente alguém que usará o dinheiro público de forma imprópria se for eleito.
• Não transforme seu voto em piada. Vote com consciência, mesmo que nenhum dos candidatos preencha de forma integral suas exigências.