Entrevista: Chico Marques - "o atual prefeito, que foi um crítico feroz a este contrato, decidiu renová-lo por mais quinze anos ao invés de fazer nova licitação"
Prefeito de Itajubá entre 1997 e 2004, José Francisco Marques Ribeiro, o Chico Marques, é o nosso entrevistado dessa semana. Entre outras coisas, passa a limpo a cassação do mandato do Legislativo, questiona a atual gestão e se aproxima do Dr. Ricardo Mello para o pleito de 2020.
Confira a entrevista:
Cidadão Pensante: O
indeferimento do registro da candidatura como vereador, segundo o Tribunal
Regional Eleitoral se deu pela rejeição das contas pelo Tribunal de Contas da
União, que “apurou sérias irregularidades tanto na licitação quanto na execução
de convênio celebrado com o Fundo Nacional de Saúde visando à aquisição de
ambulâncias para o município convenente” e manteve improcedente a ação de
rescisão do acórdão. O que houve durante o período eleitoral? Por que você pode
concorrer para, então, se desdobrar este imbróglio?
Chico Marques: é uma história longa,
que começou em 2001 e terminou em 2016, por isto a minha resposta não tem como
ser curta. Para que seus seguidores possam entender a minha resposta eu preciso,
antes, explicar o que foi a Operação Sanguessuga e o que foi que a Prefeitura
de Itajubá comprou, que resultou no indeferimento do registro da minha
candidatura a vereador em 2016.
A Operação Sanguessuga
foi desenvolvida pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal, para
apurar compras de ambulâncias zero km, superfaturadas, com verbas
de emendas parlamentares. Esta operação envolveu inúmeros prefeitos, noventa parlamentares federais (deputados e
senadores) e a empresa Planam, a única empresa a vencer todas as licitações
para venda destas ambulâncias. A ambulância era um veículo Fiorino, zero km,
que custava aproximadamente R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais) em 2001, que
era equipada com uma maca e alguns pequenos equipamentos, e era vendida por um
valor próximo de R$100.000,00 (cem mil reais). Era tão grande esta “farra” com
dinheiro público que duas cidades chamaram a atenção das autoridades federais:
- Pimenteiras do Oeste/RO, com 2.617 habitantes, conseguiu verbas de emendas
parlamentares para comprar 8 ambulâncias, ou seja, uma ambulância para cada 327
habitantes; - Mira Estrela/SP, com 2.552 habitantes, conseguiu verbas de
emendas parlamentares para compra de 11 ambulâncias, ou seja, uma ambulância
para cada 232 habitantes.
Já a prefeitura de Itajubá, no meu mandato de prefeito, assinou um
convênio diretamente com o Ministério da Saúde em 2001, sem emenda parlamentar,
para comprar uma Unidade Móvel de Saúde (UMS), para atender os bairros que não
tinham postos de saúde. Esta UMS era um ônibus semi novo, ano 1998, modelo
1998, que foi totalmente desmontado, adaptado e montado para ser usado como uma
unidade médica-odontológica. Esta UMS tinha uma sala de enfermagem, um
consultório médico e um gabinete odontológico, totalmente equipados. Além de
todos os equipamentos e instrumentos médicos-odontológicos a UMS era equipada
também com 3 aparelhos de ar condicionado e um gerador de emergência, para
fornecer energia elétrica para a UMS onde não tivesse acesso a uma rede da
CEMIG. No processo licitatório foram exigidas garantias de 12 meses para o
ônibus e de 24 meses para os equipamentos (todos novos) e para os serviços de
transformação do ônibus numa UMS. Além destas garantias, foi exigida a
certificação do Inmetro para a UMS. Por esta Unidade Móvel de Saúde a
prefeitura de Itajubá pagou R$130.000,00 (cento e trinta mil reais), sendo
R$104.000,00 o valor do convênio e R$26.000,00 a contrapartida da prefeitura.
Por causa de envolvimento de parlamentares federais na venda de
ambulâncias zero km, que foi objeto da Operação Sanguessuga, o Congresso
Nacional instaurou uma CPMI – Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. No seu
relatório final a CPMI requisitou informações sobre as prestações de contas
feitas por todos os municípios que realizaram a compra de ambulâncias zero
quilômetro nos exercícios de 2001 a 2005. Mesmo o município de Itajubá não
tendo comprado uma ambulância zero km, a sua prestação de contas, que já havia
sido aprovada e arquivada pelo Ministério da Saúde, depois de duas inspeções
realizadas em Itajubá, foi desarquivada para ser reanalisada.
Ao reanalisarem a nossa prestação de contas e tomarem conhecimento
que a empresa Lealmaq foi a vencedora da licitação para venda da UMS para a
prefeitura de Itajubá, os técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU)
passaram a me tratar como um envolvido na Operação Sanguessuga, pelo fato desta
empresa ter sido acusada pelo Ministério Público Federal de ser uma das 32
(trinta e duas) empresas que davam cobertura para a empresa Planam vencer todas
as licitações para venda das ambulâncias zero km.
O meu nome nunca foi citado nas investigações realizadas pela
Polícia Federal, nem na denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal e nem
no relatório final da CPMI realizada pelo Congresso Nacional, fatos estes
reconhecidos somente em 2017 pelos ministros do TCU. Por essa razão, o TCU instaurou em 2009 uma Tomada de Contas Especial
e em março de 2010 me pediu a devolução do valor integral do convênio, de
R$104.000,00 (cento e quatro mil reais), repassados pelo Ministério da Saúde ao
município de Itajubá.
Apresentei todos os recursos possíveis e depois de seis anos, em fevereiro
de 2016, os ministros do TCU reconheceram que eu não tinha que devolver nada,
pois não havia superfaturamento ou dano ao erário, mas entenderam que havia falhas
no processo licitatório para compra da UMS. Eu nunca presenciei alguma
licitação da prefeitura e por isso entendia que não deveria responder por estas
falhas, mas o prefeito é responsável por tudo que acontece numa prefeitura.
Para registrar a minha candidatura a vereador em 2016 eu tive que
apresentar a certidão do TCU para fins eleitorais, onde constou que havia
irregularidades neste processo licitatório. Esta certidão é que gerou a ação de
impugnação do registro da minha candidatura. Fui o vereador eleito com a
segunda maior votação, tomei posse e comecei a cumprir o meu mandato
normalmente enquanto a ação tramitava. Ganhei a ação em Itajubá, perdi em Belo
Horizonte, ganhei no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Brasília na decisão
monocrática (decisão de um ministro), mas quando a ação foi julgada em plenário
pelos sete ministros do TSE eu perdi por 4 votos contrários e 3 votos
favoráveis, o que me tirou o mandato de vereador, depois de onze meses na
Câmara Municipal.
Cidadão Pensante: A gestão “Chico Marques” ficou marcada pelos contratos longos com a companhia
de ônibus que presta serviço para o município. Qual foi a parcela de
participação do Executivo no processo licitatório em relação ao tempo de
contrato?
Chico Marques: Na verdade, o contrato de concessão para operação do serviço público
de transporte coletivo urbano de passageiros terminou em julho de 2004, durante
o meu mandato. Eu fiz uma nova licitação que foi vencida pelo Expresso Valônia.
Este prazo era o mesmo do contrato anterior, de 15 (quinze) anos de duração,
podendo, ou não, ser prorrogado por mais 15 (quinze) anos. Este prazo é mais ou
menos padrão para este tipo de concessão, pois a empresa tem que manter a frota
de ônibus com idade média de 5 anos. Quanto maior o prazo de concessão, menor
será o preço do bilhete, pois a empresa concessionária tem um tempo maior para
amortizar seus investimentos. O contrato, iniciado em julho de 2004, terminou
em julho de 2019 e o atual prefeito, que foi um crítico feroz a este contrato, decidiu
renová-lo por mais quinze anos ao invés de fazer nova licitação.
Cidadania Pensante: Já houve procura por alianças por parte dos que se colocam como pré-candidatos?
Há interesse da sua parte em apoiar um dos eventuais candidatos?
Chico Marques: Em Itajubá, temos, hoje, seis pré-candidatos a prefeito. Isto
significa, com exceção do grupo do atual prefeito, que outros cinco grupos
políticos querem mudanças, querem interromper este período em que Itajubá mais
perdeu do que ganhou. É natural a formação de alianças em torno das
candidaturas a prefeito, e eu faço parte do grupo que apoia o pré-candidato dr.
Ricardo do SOS Aids. Quatro partidos políticos formam a base de apoio do dr.
Ricardo – PP, PSL, PTB e PMN.
Cidadania Pensante: Como você avalia o mandato duplo do atual prefeito?
Chico Marques: Foi bem em alguns aspectos e teve um desempenho ruim em outros
aspectos, isto é normal em qualquer administração pública. O parque municipal,
a conquista do cinema, a construção do teatro, a implantação do restaurante popular,
construção de redes de drenagens, a sinalização horizontal de trânsito, a
pavimentação de ruas já pavimentadas, a construção do centro olímpico no bairro
Rebourgeon, a construção de duas passarelas e a ponte que está sendo construída
sobre o rio Sapucai, nas proximidades do Batalhão, vão marcar a sua
administração. É uma gestão que deu muita prioridade para o lazer da população,
com grandes festas e shows com cantores famosos, e ele será lembrado também por
estas realizações.
Todo prefeito realiza boas obras, mas nem todo prefeito tem a
capacidade de reconhecer as boas obras de seus antecessores e sucessores. O
atual prefeito não consegue reconhecer as boas obras de seus antecessores, nem
aquelas que beneficiaram o seu governo, como por exemplo:
- a implantação do parque municipal se deu no mandato do atual
prefeito, mas foi um projeto iniciado no mandato do prefeito do dr. Jorge Mouallem,
numa parceria com a Helibras;
- no protocolo de intenções assinado pelo prefeito Chico Marques com
a empresa Cabelte, ficou estabelecido que, se a empresa não cumprisse com a
finalidade da doação do terreno que recebeu da Prefeitura de Itajubá (geração
de empregos e renda e pagamento de impostos), este terreno voltaria a ser
propriedade da prefeitura com todas as benfeitorias construídas sobre ele. Com
a falência da Cabelte, o terreno de quase 80.000 metros quadrados e um galpão
industrial de quase 5.000 metros quadrados voltaram a ser propriedades da
prefeitura. Foi este imóvel que viabilizou a construção do teatro municipal,
pois a empresa Cabelauto recebeu da prefeitura este imóvel, em doação e, em
troca, construiu o teatro para o município;
- os recursos financeiros para construção da ponte da rua Brasópolis
e de duas creches (uma no bairro Estiva e outra no bairro Varginha) foram
conquistados no mandato do prefeito dr. Jorge Mouallem, que realizou os
respectivos processos licitatórios e deixou o dinheiro na conta da prefeitura
para que o atual prefeito terminasse as obras.
Por outro lado, diferente de outros prefeitos das cidades-polo da
nossa região, que conquistaram novas indústrias que geraram novos empregos e renda
nas suas cidades, o atual prefeito de Itajubá não conseguiu trazer, em sete
anos e meio de governo, nenhuma nova indústria para Itajubá, apesar das
inúmeras promessas.
Além de não receber nenhuma nova indústria no duplo mandato do atual
prefeito Rodrigo Riera, Itajubá perdeu a Siemens, uma conquista da gestão do
então prefeito dr. Jorge Mouallem, que desistiu de instalar em nossa cidade uma
unidade industrial. As empresas PKC (antiga AFL) e Vilma Artigos Religiosos
encerraram suas atividades, gerando centenas de desempregados que se somaram
aos milhares de desempregados itajubenses.
Dados anteriores ao período da pandemia, que surgiu com a Covid-19,
demonstram que Itajubá é uma das campeãs na geração de desempregos e a cidade
polo do Sul de Minas que mais perdeu na arrecadação de ICMS e,
consequentemente, reduziu muito a quota deste imposto que retorna para a
prefeitura.
O atual prefeito foi responsável pelo fechamento do Pronto Socorro
da Santa Casa, os serviços de saúde de responsabilidade da prefeitura nunca
foram tão judicializados, nunca foram tão demoradas as marcações de consultas e
exames, a estrutura física das escolas municipais nunca esteve tão ruim. O
atual prefeito empobreceu o município ao vender vários imóveis, contrariando a
vontade e os princípios de seu próprio pai que foi um crítico ao prefeito dr. Jorge
Mouallem quando este tentou vender um imóvel do Município.
Em alguns casos, bastante conhecidos, o atual prefeito tem defendido
os interesses particulares de seus amigos, colocando-os acima dos interesses
públicos. Outro fato negativo do mandato do atual prefeito está nas suas
entrevistas nas rádios locais, onde ele gasta uma parte do tempo mentindo aos
ouvintes e outra parte agredindo e ameaçando seus adversários políticos e
aqueles e aquelas que fazem alguma crítica ao seu governo. Ele criou a política
de exclusão das pessoas que o criticam e a arcaica sistemática de perseguição e
difamação de seus adversários políticos.
Cidadania Pensante: A opção pelo vice-prefeito, pré-candidato, é mais do mesmo para a população?
Chico Marques: Eu entendo que sim, é a continuidade do mesmo para a população. O
vice prefeito Christian Gonçalves, juntamente com o atual prefeito Rodrigo
Riera, ainda como candidatos em 2012, elaboraram o Plano Super 15 e fizeram
inúmeras promessas aos itajubenses que nunca foram cumpridas, foram promessas
enganosas, pois eles sabiam que eram serviços e obras impossíveis de serem
realizadas. O vice prefeito foi cúmplice do atual prefeito, por consentimento
ou por omissão, em inúmeras irregularidades da sua administração. Por estas e
outras é que a opção do prefeito Rodrigo Riera pelo seu vice Christian, para
ser pré candidato a prefeito, será a continuidade da mesmice para a população.
Cidadania Pensante: Aproveitando a experiência como gestor do município, que relações podem existir
entre o município e o Estado em um momento de calamidade como o que estamos
vivendo?
Chico Marques: Em qualquer circunstância e independentemente de partidos políticos,
as relações entre o Município e o Estado devem ser sempre as melhores
possíveis, baseadas no respeito, no permanente diálogo, na busca de recursos
financeiros para as grandes obras municipais. Hoje, sem dúvida, as prioridades
devem ser as ações conjuntas para combater a Covid-19. O Estado e a União, pelo
que tenho visto e lido, têm feito as suas partes. Já não posso dizer o mesmo da
prefeitura de Itajubá, pois não há transparência sobre os valores que ela tem
recebido do Estado e da União e nem o que ela tem feito com estas verbas. O
atual prefeito estava priorizando a construção de um Hospital de Campanha ao
invés de destinar recursos para a Santa Casa comprar os equipamentos para a sua
nova UTI, de 20 leitos. Pelo que foi divulgado o prefeito desistiu da ideia de
construir o Hospital de Campanha mas continua não dando prioridade para a Santa
Casa adquirir os respiradores mecânicos para a sua nova UTI.
Cidadania Pensante: A carreira política está colocada de lado? Depois de dois mandatos e sucessivas
eleições, o Chico ainda pode contribuir efetivamente com a cidade? De que
maneira?
Chico Marques: Enquanto eu puder ser útil, continuarei contribuindo com a política
municipal, pois a minha história e o relacionamento político que construí nos
últimos 28 anos me credenciam a continuar atuando na política de nossa cidade. Em
1992 eu fui eleito vereador com a quarta maior votação, para o mandato
1993/1996; em 1996 fui eleito prefeito com 18.630 votos (45,6% dos votos
válidos), para o mandato 1997/2000; no ano 2000 eu fui reeleito prefeito com
20.421 votos (45,8% dos votos válidos). Em 2006 eu fui candidato a deputado
federal e obtive 41.110 votos, sendo 21.838 votos em Itajubá e fiquei na
segunda suplência; em 2010 eu fui candidato a deputado estadual e obtive 29.296
votos, sendo 18.015 votos em Itajubá. Em 2008 e 2012 eu disputei a eleição para
prefeito, sendo bem votado mas não consegui me eleger; e em 2016 eu fui eleito
vereador com a segunda maior votação (1.126 votos). Esta quantidade de votos que eu recebi dos itajubenses, nas eleições
que eu ganhei ou que perdi, é que me motivam a permanecer na vida pública, com
mandato ou sem mandato. Este patrimônio político que eu conquistei me
credenciam a continuar defendendo os interesses do povo itajubense,
principalmente daqueles que mais precisam dos poderes públicos.
Cidadania Pensante: Depois de ser o chefe do executivo, o que fez com que se candidatasse ao
Legislativo? Como você enxerga, de fora, a composição da casa atualmente?
Chico Marques: O meu momento para disputar o cargo de prefeito já passou, por isto
a minha opção de disputar um cargo de vereador. A minha avaliação sobre a atual
Câmara Municipal é que os vereadores denominados independentes, ou de oposição,
que são minoria, cumprem com a suas obrigações constitucionais de legislar e
fiscalizar os atos do Poder Executivo. Já os vereadores denominados de
situação, que formam a maior bancada e são vereadores dependentes e comandados
pelo prefeito, estes, lamentavelmente, não fiscalizam absolutamente nada. Eu
vejo também que a bancada do prefeito não tem a liberdade de votar os projetos
mais polêmicos de acordo com as suas consciências e de acordo com a vontade de
seus eleitores, eles votam de acordo com a vontade do prefeito. Este
comportamento diminui a importância do Poder Legislativo.
Cidadania Pensante: Quais são as principais demandas do município para o próximo prefeito?
Chico Marques: No meu entendimento, as maiores demandas de Itajubá serão: a
retomada do desenvolvimento do município, que está estagnado há quase oito
anos, para gerar empregos para a população e renda para o município; recolocar
a educação municipal no lugar de destaque estadual e nacional que já esteve num
passado recente, graças ao trabalho dos profissionais da educação municipal;
reduzir o tempo de espera para consultas e exames de saúde; voltar a valorizar
o servidor público municipal; voltar a valorizar o sistema de incubadoras de
empresas; promover o esporte, a cultura e o lazer nos bairros, prestigiando os
nossos atletas campeões e os artistas locais; voltar a conceder subvenção para
a Santa Casa reabrir o seu pronto socorro; voltar a atenção da prefeitura para os
que mais precisam dos serviços públicos municipais – os moradores dos bairros
da periferia e rurais; atender as demandas dos produtores rurais do município e
dos comerciantes do Ceasa, do Mercado Municipal e das Feiras Livres.
Enfim, o próximo prefeito terá que espelhar-se no ensinamento do dr.
Theodomiro Carneiro Santiago: - “Revelemo-nos mais por atos do que por
palavras”, ou seja, o próximo prefeito terá que falar menos e trabalhar muito
mais. Mas todos os próximos prefeitos terão grandes desafios, pois vão conviver
com enormes dificuldades financeiras, consequência desta pandemia.
Os governos estadual e federal estarão com problemas financeiros
gravíssimos, e deverão ter dificuldades em socorrer os municípios. Em Itajubá
as dificuldades serão ainda maiores pelo fato do atual prefeito não ter feito
bem o seu dever de casa, como já disse numa resposta anterior. Além disto ele
ainda endividou muito a prefeitura com vários empréstimos e estas dívidas serão
pagas pelos próximos prefeitos, num momento em que a arrecadação da prefeitura
deverá cair drasticamente, o que comprometerá ainda mais as receitas
municipais.
Cidadania Pensante: Quem foram/são suas principais referências políticas durante a vida pública?
Chico Marques: A minha maior referência política foi Aureliano Chaves. Depois, Ulysses
Guimarães e Tancredo Neves.
Cidadania Pensante: Como aproximar o cidadão da política mesmo depois de tantos episódios em todos
os poderes e em todas as esferas da República?
Chico Marques: Este é o maior desafio de nossa sociedade, fazer com que os cidadãos
de bem participem da política. Os constantes episódios de corrupção, a
hipocrisia dos maus políticos que falam uma coisa mas fazem outra diferente, a
mentira que está no DNA de muitos políticos, tudo isto assusta e afasta as
pessoas de bem da política. Mas a reação
dos cidadãos de bem deveria ser o contrário, eles deveriam se sentir motivados
a participar da vida pública exatamente por causa destes episódios negativos,
pois só iremos mudar este quadro quando os cidadãos de bem forem eleitos nos
lugares dos maus políticos. Se as pessoas do bem se recusarem a participar da
política, esta situação só irá piorar cada vez mais.
Cidadania Pensante: Se pudesse sancionar ou vetar alguma medida nos mandatos, haveria alguma?
Chico Marques: Passado tanto tempo, eu não me lembro de ter sido necessária alguma
destas medidas nos meus mandatos. A nível nacional, eu sancionaria uma lei
proibindo a indicação de ministros do Supremo Tribunal Federal pelo Presidente
da República, como é feito hoje.
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