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Mostrando postagens de abril, 2020

A Matemática da ignorância

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30 de abril de 2020. Saio para comprar pão na mercearia mais próxima da minha casa, aonde vou duas vezes ao dia (pela manhã e à tarde) para comprar não só o pão, mas os alimentos e outras coisas que faltam à medida que o mês acaba. Boa notícia: às quintas-feiras, o quilo do pão sai por R$ 5,99, ou seja, seis pães na quinta equivalem a quatro pães nos outros seis dias. Quantos números! É deles - dos números - que falaremos aqui. Já no "Caixa", um discurso alto e apressado de um senhor com seus 55, 60 anos, que encontrou seu amigo contemporâneo de máscara. Educadamente, o amigo pergunta: - Cadê a sua? Ele responde: - Virou política isso daí. Aqui morreu uma pessoa. Se estivessem morrendo 200 por dia, tudo bem(!), mas, daqui a pouco, o Brasil vai falir, e aí vocês vão ver. Voltei para a minha casa pensando sobre as contas. Nos últimos quatro dias, passa de 400 o número de mortos. O dobro do que o senhor desafiou ao passar a compra. Ele, na verdade, não percebe que

O presidente que anuncia a libertação pela verdade é o chefe das Fake News! "E daí?"

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A estratégia de Bolsonaro é clara: estabelece um plano, age e, diante do noticiário, volta atrás; depois, acusa a imprensa de "Fake News". A expressão ganhou popularidade com estratégia similar de campanha de Donald Trump, mas, na verdade, é só um jeito mais bonito de falar que tal notícia é mentira. É óbvio que existem muitos jornalistas interessados mais em cliques que em reportar a verdade. Cabe aos espectadores ou leitores, então, selecionar os melhores repórteres, estejam eles a serviço de uma linha editorial com a qual concordem ou não. Falando um pouco mais fácil: se eu não gosto do Grupo Globo, mas sei que a Andreia Sadi tem feito boa cobertura, posso acreditar no que ela me reporta. A verdade é que - quanta ironia - Bolsonaro e o gabinete do ódio fabricam Fake News como se não existissem jornalistas sérios no país. Ele precisa sempre de um adversário, seja dentro do próprio governo, seja fora dele. E, fora, não é novidade nenhuma o ataque à imprensa

Hipocrisia: eu (não) quero uma pra viver

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Quando Lula assumiu o poder em 2003, depois de sucessivas tentativas na corrida presidencial, a figura e o discurso apontavam para um país mais justo do ponto de vista social e uma honestidade sem igual. Sob promessas de pagar a dívida externa, antimperialista e um fortalecimento de indústrias nacionais, o povo parece que tinha feito um candidato realmente popular. Vieram os escândalos de 2005 (mensalão) e de 2007, mas não foram suficientes para derrubá-lo. Aparelhado pela máquina e apoiado por eventos populares, caso da Copa do Mundo e das Olimpíadas, o que se viu foi uma torcida organizada a favor do Partido dos Trabalhadores. Lula tornou-se intocável a ponto de conseguir eleger sua sucessora, envolvida em uma das maiores omissões da história. Basta digitar Pasadena Petrobras no Google mais próximo da sua casa. Vieram, ainda, provas e mais provas da maior organização criminosa do país, envolvendo empreiteiras renomadas e diretores consagrados no mundo corporativo. Lula se es

O narcisismo de Jair

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A pauta, no mundo inteiro, é a pandemia de Coronavírus, como deve ser. Não só as mortes, mas principalmente, as medidas de isolamento e avanços da ciência em busca de vacinas e outros meios, assim como os efeitos econômicos causados pela Covid-19. No Brasil, entretanto, Jair Bolsonaro se esforça todos os dias - e não é força de expressão - para ocupar um lugar maior que as notícias da pandemia. Quem dera fosse por medidas positivas em relação ao andamento do país, mas o presidente se destaca cada vez mais pela pauta do medo, da instabilidade, demitindo - direta ou indiretamente - pessoas do primeiro escalão. Bolsonaro não se deu conta, com um ano de governo, da liturgia que seu cargo e o dos ministros exigem. Faça um esforço e volte para as entrevistas do presidente nas eleições e em um semestre de governo. Você verá que Ministro só cairia em caso de escândalo. Aí eu me pergunto: Mandetta estava envolvido em algo suspeito? E Moro? O narcisismo presidencial dá de ombros

Entrevista: Christian Gonçalves

Christian Gonçalves, vice-prefeito de Itajubá, foi o escolhido para a segunda entrevista da semana. Acontece que ele só responde via assessoria, e as respostas não chegaram até o Cidadania Pensante. A escolha foi feita em função das outras entrevistas que citavam o Executivo e para um posicionamento mais pessoal a respeito de temas que interessem à população. O Blog não divulga, por razões éticas, conversas de bastidores, mas, desde segunda-feira, 20, estabeleceu contato com a assessoria do vice-prefeito, mas não é respondido de maneira efetiva. Para que você, cidadão que nos lê, saiba o que seria perguntado, confira as perguntas: Como você avalia os dois mandatos municipais de que faz parte? Esta gestão atendeu uma antiga demanda da população, que era o lazer na cidade. Além do Parque Municipal, que outras medidas foram tomadas? O Parque, hoje, é sustentável financeiramente? Caso outra candidatura assuma, ele corre o risco de virar um elefante branco? 2020 tem sido

Painel Pensante - Paulo Valle: "O posicionamento da igreja deve ser o de resguardar as pessoas"

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O Painel Pensante de hoje é com  Paulo Valle. Ele é pastor da Igreja Batista do Redentor em Volta Redonda - RJ, professor no Seminário Martin Bucer e uma das vozes ativas quando o assunto é política e teologia. Nesta entrevista, ele alerta sobre o que a pandemia pode nos ensinar e como devemos nos comportar frente aos decretos governamentais. Confira a entrevista:  Cidadania Pensante - É possível afirmar que há uma nova "República dos Governadores? Paulo Valle: Existe uma legitimidade constitucional pelo modelo de federação que existe no Brasil, que dá autonomia aos governos estaduais e municipais. Talvez o que não tenha havido nos governos anteriores é esse elemento de confrontação, de maneira mais aguda nos estados do Rio e de São Paulo. É verdade que algumas decisões soam muito mais como autoritarismo do que o exercício da autoridade. Está evidente de que é constitucional, mas, para que não percamos a centralidade do pa

Entrevista: Carlos Molina - "Tenho a impressão de que o nosso Executivo Municipal tem andado um passo à frente do Estado"

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Vice Presidente da Câmara Municipal de Itajubá logo em seu primeiro mandato no Legislativo, Carlos Molina  é professor universitário e fala ao Cidadania Pensante sobre as impressões do mandato, as relações com o executivo e explica a versão da Mesa Diretora sobre a verba de R$ 500 mil que não foi destinada à Santa Casa da cidade.  Confira a entrevista:  Cidadania Pensante - Como você avalia o mandato nestes quase três anos e meio? Carlos Molina: Pessoalmente, tem sido um tempo especial de muito aprendizado e crescimento como cidadão. Lembro-me de ter ouvido, logo no início do mandato, algo que vejo agora como a mais pura verdade: “ Todo cidadão deveria ter a oportunidade de ser vereador por alguns meses. Ele passaria a ter uma visão bem mais verdadeira e produtiva da cidadania e da democracia ”. Penso que a avaliação do mandato, propriamente dita, teria que vir das pessoas que me acompanham. Algo que é comum ouvir delas, e eu tendo a concordar, é que o meu mandato tem sido

Fala, Cidadão! com Pedro Gama - "Minas Gerais está dançando a música que o presidente toca"

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Pedro Gama é o primeiro cidadão a responder o quadro de sexta desse blog: Fala, Cidadão! Pedro é advogado pela Universidade de São Paulo, ambiente que, segundo ele, respira política, e o Largo de São Francisco não o deixa mentir. Atualmente de volta a Itajubá-MG, ele advoga e participa da vida política da cidade, fazendo valer seu papel de cidadão na vida pública da cidade. Confira a entrevista com Pedro: Cidadania Pensante - O que é um cidadão pensante? Pedro Gama:  A ideia de “cidadão pensante” é, muitas vezes, confundida com conceitos intelectualistas, e que nada colaboram para o debate político. “Cidadão pensante” seria o gênio, de alta escolaridade, que, isolado em sua sala de estudos e no auge da sua magnitude intelectual, consegue ter uma posição crítica, autônoma e objetiva acerca de todos os acontecimentos da vida em sociedade. Mas não é bem assim. A cidadania é um conceito que flutua no tempo. Na Filosofia Clássica, ser cidadão era uma verdadeira obr

Bolsonaro fala em duas doenças, mas cria uma crise a mais

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Os diagnósticos se confirmaram, e Henrique Mandetta não é mais Ministro da Saúde. Curioso é que, na apresentação de Nelson Teich, o Presidente da República, Jair Bolsonaro, disse que não se pode combater uma doença e desprezar a outra, referindo-se à pandemia e à crise econômica. Mais instigante ainda é perceber que Bolsonaro tinha nas mãos a justificativa para os desdobramentos econômicos do ano de 2020 e combater a pandemia, mas optou em criar uma crise interna, que culminou na decisão de hoje. Mandetta tinha o que Bolsonaro não tem: interlocução com as casas do Legislativo. Isso incomodava o Palácio do Planalto. Muito se fala, além disso, que a indecisão em relação ao pico fosse o principal motivo da demissão. Entretanto, se há uma política de alongamento da curva, haverá, obviamente, uma extensão do pico, ou seja, que bom que o pico estava sendo prorrogado.  Não se questiona o currículo do novo titular da pasta, e sim a atitude ególatra do presidente em demitir um Mi

Opinião: A #Globolixo é um recibo

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Não vem de hoje a revolta de muitas pessoas com a principal emissora de televisão do país, a Rede Globo. Elas alegam que a TV é contra o governo e ajuda a fomentar os fatos negativos que acontecem em Brasília.  Pois bem, voltemos no tempo - no meu tempo. Como tenho 29 anos, o primeiro pleito para Presidente de que me lembro é o de 1998, o último com Fernando Henrique. À época, já interessado em conhecer termos políticos, também me lembro de que as acusações à Globo eram de: "imperialista", "vendida", "americanizada". Tudo isso para justificar a derrota do projeto político do PT, que viria a ser eleito quatro anos depois.Vieram os mandatos e os escândalos, divulgados em vários e vários jornais, o que causou revolta da ala petista e o reforço do coro de "neoliberal", "burguesa".  A ampla cobertura do Impeachment, com transmissão ao vivo em um domingo, só causou mais revolta. Tudo isso gerou uma necessidade de um novo projeto

Entrevista: Ednelson Prado - "A população se mantém refém dos governantes. É o voto de cabresto atualizado"

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CEO, Jornalista, Professor e Escritor: Ednelson Prado atua profissionalmente no Vale do Paraíba e já esteve em emissoras da grande mídia, como o Rádio Bandeirantes, mas é no litoral norte de São Paulo, em Ubatuba, que tem raízes plantadas e espera contribuir com a cidade pela experiência adquirida. Para isso, se apresenta como um dos nomes à pré-candidatura ao cargo de prefeito da cidade nas próximas eleições. Confira a entrevista dada ao Cidadania Pensante:  Cidadania Pensante:  A impressão que se tem é a de que o executivo municipal de cidades litorâneas no interior deve se dividir entre munícipes e turistas, atendendo aos interesses de ambos. Isso acontece? Deve acontecer? Ednelson Prado:  As cidades que possuem seu turismo baseados na sazonalidade, de certa forma precisam ter um olhar diferenciado para momentos distintos durante o ano. Não apenas as cidades litorâneas, mas aquelas que sofrem os efeitos de períodos de muito movimento. Ë o caso de Aparecida, q