É preciso separar os fatos. E as pessoas

Por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF ...


A quebra de sigilo da reunião apontada pelo ex-Ministro da Justiça, Sérgio Moro, como uma das provas da interferência do presidente Jair Bolsonaro não trouxe nenhum fato novo à luz. As frases que ele disse no vídeo já tinham sido reportadas e mostram, de fato, o ardente desejo de defender os filhos, como tem sido desde o começo do mandato. Esse, aliás, é o principal motivo pelo qual Moro fora exonerado: "demito até o Ministro", disse ele em dado momento. 

Isso significa que as pessoas que o defendem não passarão a atacá-lo. Parte por isso, parte porque só o veem no governo, e se esquecem, por exemplo, do Ministro da Educação que sugere prender Ministros do STF, ou do Ministro do Meio-ambiente que trata uma das mais terríveis pragas da história como uma cortina de fumaça aos seus interesses.

No Brasil, e em outros países populistas, o povo enxerga o presidente, e tão somente ele. Não observam, nem cobram do governo. Ou alguém questionou a Regina Duarte até a lunática entrevista na CNN Brasil? Alguém cobrou o ministro Weintraub pela insistência em manter o ENEM, linha confirmada pelo único voto contrário à mudança ser o de Eduardo Bolsonaro na Câmara? Alguém repara no bom trabalho do Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas? Quem fiscaliza o novo Ministro da Justiça? Só sabemos os velozes Ministros da Saúde porque, em meio à pandemia, o presidente - que insiste em se fazer notório - demitiu dois deles e mantém um interino, porque, se exonerar, era apenas interino, mas, por ser Militar, precisa ser igualmente interino. A desculpa perfeita. 

Alguém se lembra do papel que Dilma Rousseff ocupava à frente da Petrobras no escândalo de Pasadena? Pois é, no Brasil, o que o presidente fala já havia sido divulgado e é gravíssimo. Mais grave ainda é não saber separar os fatos e as falas dos seus aliados, o que mostra bem o tom bélico da presidência da República.

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