Entrevista: Marcelo Krauss - "Não sou favorável ao licenciamento do vereador para exercer o cargo de Secretário Municipal. Vejo como uma traição com o seu eleitor"
Cidadania Pensante: Você é um dos pré-candidatos a
vereador, tentando a reeleição. Que motivos o itajubense tem, ou teve nesses
quatro anos para renovar, ou colocar a confiança em sua representatividade?
Marcelo Krauss: O vereador tem três grandes funções:
legislar, fiscalizar e representar a população. Nestes três anos e meio de
mandato, com muito trabalho, transparência e honestidade, procurei aprender e
exercitar essas funções com muita dedicação na Câmara Municipal de Itajubá e
espero que o eleitor Itajubense avalie positivamente o meu trabalho. Por isso, me apresento pela primeira vez, em seu prestigiado blog, como pré-candidato a
vereador para a Câmara Itajubense, para o mandato 2021/2024.
Cidadania Pensante: O que o primeiro mandato ensinou ao senhor e como colocar isso na prática, caso seja candidato e, posteriormente, eleito?
Marcelo Krauss: Nunca tinha exercido nenhum cargo ou função
pública anteriormente. Minha experiência profissional sempre foi na iniciativa
privada, como representante comercial, na área de móveis. O primeiro mandato é
um grande aprendizado, pois temos que entender as regras, os procedimentos e
leis de funcionamento da Casa Legislativa bem como lidar com o jogo político. A
Câmara é um órgão colegiado, em que tudo é decidido pelo voto da maioria e temos
que conviver com diferentes pensamentos. Sou pré-candidato a vereador, com a
certeza de que, com a experiência e a maturidade adquiridas neste primeiro mandato, tenho condições de apresentar propostas mais eficientes e eficazes para a
população.
Cidadania Pensante: A Câmara Municipal tem cumprido o papel de casa legislativa na prática? De que maneira?
Marcelo Krauss: Como disse acima, o vereador deve legislar, fiscalizar e representar a população. Percebo que temos, na Câmara Municipal de Itajubá, uma estrutura eficiente para legislar e representar a população. No entanto, ao meu ver, falhamos na estrutura de fiscalização. A Câmara de Itajubá não tem em sua estrutura organizacional um departamento de fiscalização, com funcionários que possam auxiliar o vereador na sua função fiscalizadora. Não podemos esquecer que cada vereador eleito possui uma formação profissional diferente e nem sempre o vereador tem capacidade técnica para entender um processo licitatório, uma planilha de custos, um edital de concorrência pública. Desta forma, a fiscalização fica, muitas vezes, prejudicada. E isso jamais poderia ocorrer, pois é uma das principais funções do Poder Legislativo.
Cidadania Pensante: Como é a relação entre os poderes legislativo e executivo no município atualmente? Isso mexe as peças no tabuleiro eleitoral em 2020?
Marcelo Krauss: Eu me defino como um vereador independente. Se o
prefeito encaminha um bom projeto de lei para a Câmara, e percebo que será
benéfico para a população, eu voto a favor. Se o prefeito encaminha um projeto
de lei ruim ou que eu perceba alguma ilegalidade, voto contra. E, além de votar
contra, encaminho o assunto para o Ministério Público e para o Tribunal de
Contas, solicitando a análise daqueles órgãos. Só para exemplificar, do início
do mandato até a data de hoje, o prefeito encaminhou para a Câmara um total de
87 projetos de lei de sua autoria. Eu votei contra em apenas 13. Atualmente, no
meu ponto de vista, o Poder Legislativo está fragilizado e, na maioria das vezes, atua como mero legitimador dos interesses do Poder Executivo. Essa situação
prejudica o processo de governo, na medida em que a qualidade das decisões se
torna cada vez mais baixa devido à falta de debate sobre a aprovação, edição ou
rejeição de uma determinada lei ou projeto. Isso naturalmente mexerá as peças
no tabuleiro eleitoral de 2020.
Cidadania Pensante: A pandemia de Covid-19 também pode ser decisiva para a escolha do eleitor? Por quê?
Marcelo Krauss: Penso que sim. Com as incertezas do momento, as inseguranças e o distanciamento das pessoas não se pode descartar que os
recursos tecnológicos atuais, aliados à grande influência das mídias digitais, terão modificações na decisão de escolha do eleitor.
Cidadania Pensante: A redução do número de vereadores foi benéfica? Por quê?
Marcelo Krauss: Sim. A representatividade não está no número
de vereadores, e sim no trabalho individual de cada um. Se o vereador não faz o
dever de casa, ele não está representando o povo, está apenas cumprindo mandato sem a menor preocupação com oque o cargo de vereador é, ou pelo menos deveria ser: a
voz do povo no Poder. Nunca fui a favor do aumento do número de cadeiras na
Câmara, de 10 para 17, votação esta que aconteceu em 2013. E neste meu mandato,
fui um dos autores do projeto de emenda à Lei Orgânica para redução do número
de vereadores, de 17 para 11.
Cidadania Pensante: Além de fiscalizar o poder executivo, o legislativo pode sugerir ações e, muitas vezes, as recomendações parecem ter caráter minimalista, e não em prol da sociedade. Você percebe isso mais de perto?
Marcelo Krauss: Uma das funções do
vereador é representar a população. E na Câmara recebemos demandas das mais
variadas possíveis. Não temos o poder de executar nada. Isso é responsabilidade
do Poder Executivo, que tem orçamento para fazer algo, para realizar obras.
Nós, do Legislativo, recebemos as demandas da população e repassamos para a
Prefeitura, através de “indicação”. Muitas vezes a demanda pode até parecer de
caráter pessoal, mas acaba beneficiando uma parcela da população. Por exemplo:
quando recebemos uma reclamação de um cidadão que na rua onde ele mora, em
frente a sua residência, tem um buraco, podemos imaginar que este cidadão quer
resolver um problema que afeta apenas ele. Mas na realidade, caso a Prefeitura
arrume esse buraco, não só estará atendendo aquele cidadão como também todos os
cidadãos que passam de carro naquela rua. Ou seja, resolver o problema do
cidadão que reclamou atinge também uma parcela da comunidade. Desde o início do
mandato, a Câmara Municipal enviou para o Poder Executivo 2.998 indicações.
Cidadania Pensante: As previsões apontam uma recessão mais profunda nos próximos anos. O município está preparado para o futuro? Como os vereadores podem ser exemplo para os cidadãos que, como um todo, montam a câmara a cada quatro anos?
Marcelo Krauss: Certamente
viveremos uma crise financeira nos próximos anos. E por este motivo temos que
ter muito respeito pelo dinheiro público. Esta prática eu adoto desde quando
fui eleito vereador, em 2017. Sou contra regalias e tento, ao máximo, não
gastar dinheiro público. E é pensando assim que todos os anos eu abro mão do
reajuste salarial. O subsídio que eu ganhei em janeiro de 2017 (primeiro mês do
mandato) será absolutamente igual ao subsídio que ganharei em dezembro de 2020 (último
mês do mandato). Todas as viagens políticas que eu faço, vou com meu carro
particular. Nunca usei carro oficial. E nestas viagens, nunca ganhei diárias.
Sempre me hospedo e almoço usando meus próprios recursos. Temos, na Câmara
Municipal, o direito de gastarmos 20 diárias por ano (cada diária tem valor de
R$ 452,00). Ou seja, R$ 9.040,00 em diárias por ano. Meu gasto é ZERO. No final
do meu mandato, com todas as economias que eu faço, devo economizar o
equivalente a 05 salários brutos, ou seja, por volta de R$ 40.000,00 de
dinheiro público.
Cidadania Pensante: Como você avalia o comportamento de vereadores ou vereadoras que se licenciam do mandato para assumir secretarias junto ao executivo?
Marcelo Krauss: Não concordo.
Quando você disputa uma eleição para vereador, a população vota em função das propostas que o candidato
apresenta para exercer aquele cargo, no
Poder Legislativo. Não sou favorável ao licenciamento do vereador para exercer o cargo de Secretário Municipal. Vejo como uma traição
com o seu eleitor.
Cidadania Pensante: No âmbito pessoal, existem mais anseios na política após o legislativo municipal?
Marcelo Krauss: Gosto de Política. Meu objetivo, como
pré-candidato a vereador é apresentar propostas para contribuir com a melhoria
da qualidade de vida da população Itajubense. Sempre com o propósito de servir a
comunidade e não se servir do cargo público. Não entrei na política para me
enriquecer e sim para colaborar com a população, aprovando boas leis,
fiscalizando o dinheiro público gasto pela Prefeitura e representando o cidadão
em suas diversas questões. O meu futuro político, pós legislativo municipal, depende
de uma série de fatores que naturalmente serão analisados oportunamente, na
devida ocasião.
Cidadania Pensante: É possível observar uma relação mais próxima com o Dr. Ricardo Mello, pré-candidato à prefeitura. Essa aproximação é uma aliança partidária, ou individual? Por que ele pode ser o melhor nome para o executivo?
Marcelo Krauss: Duas pessoas incentivaram-me a entrar na política: A Leandra Machado e o Dr. Ricardo Mello. Desde à época que voltei para Itajubá, minha aproximação com o Dr. Ricardo foi muito
forte, por diversos motivos. Nada tem a ver com questões partidárias, mas sim
com características pessoais, como coragem, integridade, honestidade,
generosidade, compaixão, justiça, entre outras... E Itajubá precisa de um
Prefeito assim!
Cidadania Pensante: Para encerrar, o que o levou à política de maneira mais atuante?
Marcelo Krauss: Voltei a morar em
Itajubá no meio do ano de 2013. Creio que o ponta pé inicial, para me engajar
na política municipal, foi o anúncio, pela administração pública, da reforma da
praça central e do calçadão. Achava aquele local muito bonito, apesar de
perceber que ele precisava de reparos e manutenção, principalmente no piso de pedras portuguesas, que estavam
muito soltos. Mas na minha opinião não precisava ser destruído para a
construção de algo absolutamente novo.
Afinal era dinheiro público a ser gasto. Naquele momento comecei e pesquisar
como então seria aquele novo espaço. Nas redes sociais só encontrava desenhos
esdrúxulos. Fiz várias pesquisas e não encontrava o projeto arquitetônico. Mas
a licitação para a obra já havia acontecido. Percebi, assim, uma total falta de
transparência da Prefeitura Municipal, na realização daquela obra. Resolvi então
solicitar ao Ministério Público uma investigação. Depois que isso
aconteceu, algumas rádios chamaram-me para entrevistas, a EPTV de Varginha também entrevistou-me, jornal da cidade fez matéria sobre o assunto e então meu nome começou a
ficar mais em evidência. No ano de 2015 alguns partidos políticos me procuraram
abrindo as portas para minha candidatura a vereador. Naquele pleito, dos 17
eleitos fui o 8° mais votado.
Cidadania Pensante: E o que o faz continuar?
Marcelo Krauss: Sabemos que existem
políticos que só querem tirar proveito do dinheiro público. E como já afirmei, não entrei na política com esta intenção. Tenho bons propósitos. E são
eles que me dão força para continuar e colocar meu nome como pré-candidato
neste pleito eleitoral de 2020.
Parabéns Marcelo! Pelo que acompanho, você é um grande vereador para Itajubá. Sempre ativo, dedicado e cheio de idéias sensatas.
ResponderExcluirObrigado pela leitura!
ExcluirParabéns pela entrevista Marcelo! Sou pré candidata também e me espelhomuito em vc!! Que em 2021 estejam pessoas que trabalhem DE VERDADE na câmara municipal e em prol da população, assim como vc!
ResponderExcluirObrigado pela leitura!
ExcluirParabéns, Marcelo. Itajubá precisa de pessoas como vc para nos representar.
ResponderExcluirParabéns, Marcelo. Quando a árvore é boa os frutos são sadios.
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