Opinião: Milton Ribeiro é o novo Ministro da Educação e precisa ser mais do que um pastor


O Ministério da Educação tem um novo ministro: Milton Ribeiro. A imprensa vai se apoiar no título religioso, já que Milton é pastor presbiteriano, um prato cheio para começar as manchetes com tons anticonservadores. Mais que pastor, Milton é Doutor em Educação e tem bom trânsito com a iniciativa privada, muito pela atuação no Instituto Presbiteriano Mackenzie.
 
O novo ministro certamente sabe o que lhe espera dentro e fora da pasta. Dentro, os desafios são o retorno das aulas e o calendário do Enem; fora, a missão é manter os valores que o fizeram uma figura respeitada. Parece que Bolsonaro acertou o tom do cargo com o que se propôs na campanha, mas precisa dar respaldo para que o ministro trabalhe, e não que seja levado a fazer isso ou aquilo. 

Tudo de que a pasta precisa é trabalho e autonomia para que um quarto ministro não assuma e o cargo fique sem continuidade, enfraquecendo ainda mais um dos pilares de qualquer governo. Veremos como será também a relação do ministro com a "ala evangélica", uma vez que a maioria dos pertencentes é neopentecostal, enquanto o ministro vem de uma linha reformada. Claro que não deveria afetar, mas vai, na forma de conceber ações. Trata-se de cosmovisão, e os primeiros sinais vieram de um dos principais nomes evangélicos do país: Silas Malafaia questionou a fala de Milton quando ele fala em pacto nacional. Silas alega que isso é se juntar a alas ideológicas contrárias aos valores cristãos.

Portanto, é preciso ter "jogo de cintura" para assumir uma pasta combalida, acostumar-se com o título eclesiástico contra a parede e ter bom diálogo com as bancadas, sobretudo, a evangélica, mesmo com tantos ramos doutrinários existentes. Trabalho não vai faltar. 

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