Entrevista - Neide Hiene: "O não incluir ou tentar incluir para cumprir apenas uma legislação tira desse sujeito a oportunidade e o direito de participar ativamente na sociedade e de se tornar um cidadão de direitos"

 Pré-candidata a vice-prefeita com Ricardo Zambrana, Neide Hiene fala sobre a experiência com Pessoas com Deficiência e fala sobre os desafios de inclusão prática em universidades e empresas.


Confira a entrevista: 

Cidadania Pensante: Qual deve ser o papel de um vice-prefeito ou uma vice-prefeita?

Neide Hiene: O papel da vice-prefeita está longe de ser apenas um membro na composição da chapa. Sua função abrange atuar ao lado do prefeito e secretários no planejamento, definição e implementação de ações que visam melhorias estruturais e de atendimento à população. Esta é a visão de nosso grupo.

 Cidadania Pensante: Por que, na maioria das vezes, é um cargo decorativo?

Neide Hiene: Essa é uma questão cultural que talvez tenha sido criada por exemplos passados. Tenho perfil proativo e não aceitaria ter um cargo “decorativo”. Sempre busco estar diretamente envolvida no trabalho a que me proponho. Mesmo enquanto professora e especialista realizei diversas atividades na Escola Novo Tempo, auxiliando e aprendendo, resultando, então, no exercício da direção da escola por quatro mandatos.

 Cidadania Pensante: O que a levou aceitar o convite do Zambrana para a chapa?

Neide Hiene: Já acompanhava o trabalho dele como secretário e vereador.  Conheço seu perfil e seus ideais, que são semelhantes aos meus. Da mesma maneira que eu, ele acredita na transformação de Itajubá para um modelo diferente do que aí está. Fiquei lisonjeada e, mais do que isso, entendi ser a oportunidade de ampliar o trabalho que eu já fazia como gestora de uma Escola Pública Especial.

Cidadania Pensante: Você atua diretamente com uma escola especial. Como a sociedade vê o deficiente atualmente? Estamos longe do ideal? 

Neide Hiene: A palavra deficiente acaba por rotular as pessoas como incapazes.  O termo correto seria pessoa com deficiência, porque elas são totalmente capazes de conviver, estudar, trabalhar e ter uma vida digna. Infelizmente estamos longe do ideal sim. Há muito o que fazer nesta área, não só em Itajubá, mas no Brasil como um todo.

Cidadania Pensante: Não faz muito tempo que temos cotas para universidades e empresas incluírem em seus quadros as pessoas com deficiência. Isso acontece para atender à lei ou há uma preocupação com o deficiente enquanto cidadão e participante ativo da sociedade?

Neide Hiene: Penso que os dois. Existem pessoas que realmente conseguem ver o potencial de uma pessoa com deficiência, mas, por outro lado, ainda há empresas que contratam apenas para atender o disposto na Lei. O não incluir ou tentar incluir para cumprir apenas uma legislação tira desse sujeito a oportunidade e o direito de participar ativamente na sociedade e de se tornar um cidadão de direitos. Caminhamos ainda em passos lentos com relação à inclusão.

    Na maioria das escolas, tanto na educação básica quanto no ensino superior, não existe acessibilidade. Cumpre-se parte da legislação, existe o acesso, mas não há permanência. Quanto às empresas, a grande maioria faz contratação para cumprir cota levando, muitas vezes, pessoas capacitadas a ocuparem cargos de menor qualificação. 

    Também se faz necessária a capacitação de pessoal dos diversos setores da empresa para que esta inclusão realmente aconteça e de maneira eficaz. Todos da empresa devem estar preparados para receber e atuar juntamente com essas pessoas.

Cidadania Pensante: Ainda nesse sentido, muitos prédios são antigos e não atendem às necessidades de acessibilidade, ignorando a condição de consumidor da pessoa com deficiência, quando se trata de um centro comercial, ou, ainda mais grave, munícipe, com prédios do funcionalismo público. Existem projetos em pauta para mobilidade urbana no plano estabelecido pela chapa? Quais são eles?

Neide Hiene: Como conhecedora da causa e mãe sempre lutei por isso. Temos que trabalhar para que rampas, piso tátil, sinal sonoro, correção de calçadas e outras adequações se tornem realidades em nossa cidade. 

    Nosso plano de gestão está em construção. A inclusão será contemplada não só na mobilidade urbana, mas em todos os setores.  Ou seja, na saúde, no desenvolvimento social, no esporte, no lazer, na geração de empregos e principalmente na educação.

 Cidadania Pensante: Qual é o papel da Escola Novo Tempo atualmente? E as metas?

Neide Hiene: A Escola Novo Tempo atende atualmente alunos com deficiência, Transtorno Global do Desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, em classe substitutiva e sala de recursos. A Escola também trabalha com capacitação de profissionais da escola comum, com estudos de casos, palestras e oficinas em parceria com faculdades e universidades da cidade.

    No que diz respeito às metas da escola, elas são estabelecidas pela Superintendência Regional de Ensino.  Além disso, no dia 15 de agosto me afastei de minhas funções em cumprimento à legislação eleitoral. Assim, não posso mais explanar sobre o funcionamento e as definições internas de metas e serviços.

Cidadania Pensante: Além desse mote, qual outro você pode ter importância-chave de atuação no município?

    Neide Hiene: Sou pedagoga e quero contribuir muito com a política pública de educação em Itajubá.  A educação precisa mudar, dar um salto para melhor atender as demandas existentes.  Acredito muito na educação como instrumento transformador de vidas. 

    Ainda, incentivar a mulher a ocupar mais espaços na politica Itajubense. Nossa cidade nunca teve uma mulher em um cargo eletivo do executivo. Com toda a certeza isso estimularia outras a exercer mais seus direitos e consequentemente termos mais conquistas.

Cidadania Pensante: Deixe uma mensagem aos que ainda não a conhecem e que eventualmente queiram conhecer o trabalho mais de perto.

Neide Hiene: Obrigada pela oportunidade de expor aqui um pouco de minhas ideias. Coloco-me à disposição para os que desejam conhecer mais do meu trabalho. Por meio das mídias sociais Facebook e Instagram, podem acompanhar minhas ações e informações ou também utilizá-las para contato. 

    O que já fizemos mostra o que realmente somos e o que pretendemos, eu e Zambrana, buscamos trabalhar para o bem comum, com transparência e procurando sempre obter resultados, por meio de articulação política e de metas junto às secretarias.     

Comentários

  1. Eu acredito no seu trabalho vai filme prepare a população nunca está contente

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