Opinião: O último que sair apague a luz
A sexta-feira foi agitada no Palácio da Guanabara. Isso porque o Superior Tribunal Federal determinou o afastamento por, pelo menos, seis meses do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, na operação que prendeu o presidente nacional do partido de Witzel, o PSC: Pastor Everaldo. A decisão se dá por investigações que apontam irregularidades e desvios na saúde.
Com isso, os últimos seis governadores do Estado foram alvo de operações relacionadas a crimes que envolvam o dinheiro público. Se considerarmos o período de eleições diretas, apenas Benedita da Silva não foi afastada do cargo. O dado se torna ainda mais estarrecedor quando a linha do tempo mostra que os réus/investigados governam o estado carioca desde 1998, ou seja, há 22 anos.
O cidadão vota errado? Não. Grande parte do eleitorado é coagido por pastores, milicianos e políticos e vai para as urnas com o peso de não ser mais ajudado em seu negócio na comunidade, por exemplo. Até que ponto essas pessoas são cúmplices? Ou seriam - são - apenas vítimas?
Witzel não chegou agora, Everaldo, o pastor, tampouco. Creditar a inocência do governador à causa tão rápida de seu afastamento beira a ingenuidade. O outrora juiz soube surfar na onda de patriotismo e anticorrupção (???) em 2018, quando se aproximou de Jair Bolsonaro.
Veio a pandemia, o racha e o distanciamento. Com os fatos desta sexta-feira, Bolsonaro riu, mas, em matéria de Rio de Janeiro, a reação pode durar bem pouco, sobretudo com a Assembleia Legislativa - a Alerj - nos holofotes. É lá que se concentra o famoso esquema das rachadinhas.
Os políticos da velha-guarda assistem às cenas como leões velhos, sabedores dos caminhos para não serem pegos tão rapidamente, enquanto a nova política se enrola toda no discurso moral. O último que sair apague a luz.
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