A lógica da falta de lógica
Não demoraria muito para que acontecesse, afinal, há uma relativização de tudo o que concordamos ou discordamos. Por exemplo: quando algo nos afeta consideramos gravíssimo; se o mesmo fato acontece com outra pessoa temos a capacidade de estabelecer uma escala de gravidade para analisar o fato. É assim com as recentes denúncias sobre o pagamento de 89 mil reais à Michele Bolsonaro, primeira-dama do Brasil. As vozes se apressam em considerar pequeno demais o valor em comparação ao que foi desfalcado dos cofres públicos nos últimos mandatos. Ora, então por que é um valor bem menor é permitido?
A mesma (falta de) lógica vale para os protocolos a respeito de eventos públicos. A julgar pela ida à praia, as pessoas se apropriam da lógica ilógica e dizem: "Tá vendo, na escola não pode ir". Claro que não. Muito menos à praia. É questão de bom senso, coisa que quase nenhum governo estadual tem. Por isso, as escolas devem, sim, serem fechadas até que se tenha uma vacina contra a Covid-19.
O problema aumenta quando essa lógica um tanto quanto estranha ganha voz nas redes sociais, como um grito de: "Mãe, pai, se ele pode porque eu não posso?" A resposta que todo pai dá não foi aprendida pelos marmanjos e pelas moças que invadem as praias, os parques e até as festas organizadas ainda hoje. Em vez de "tá, eu não sou todo mundo", seguem o presidente e fazem um "e daí?", "Se tiver que acontecer..."
O "você não é todo mundo" transformou-se em "eu sou único e azar é dele se for contaminado". Assim, reis ilógicos da lógica egocêntrica perdemos todos porque não entendemos nada sobre a vida. Basta que a lógica faça sentido. Pra mim.
Comentários
Postar um comentário